Velhice.

00:27:00


-Vamos lá, temos a noite toda pela frente!

Foi o que li nos olhos do meu Poodle. Sim, delírio, foi o que pensei de primeiro momento. Já estou nos meus 75 anos, viúva e solitária. Minhas noites são quase todas assim, na varanda, a observar a lua, que tanto se parece comigo.


Sabe, quando chegamos nessa idade, temos somente de pensar em como iremos morrer. Parece engraçado, mas amedronta. Já presenciem muito de meus amigos e parentes morrerem de velhice e nem todas eram tão rápidas ou quando estavam dormindo como pensam. Muitos entrevavam, passavam por varias cirurgias, aquela agonia, mas que no final não adiantava em nada.

Acho que cada um tem o fim que merece.


- Vamos pra onde Luck?! Há essa hora?

Talvez eu já esteja ficando gá gá. Mas agora me deu, de repente, uma vontade de sair por essas ruas com o meu cão, sem medo de ladrão nem escuridão. Sim, uma noite de aventura, por que não?

É maldade dizer que os velhos já estão mortos. Tantas crianças, adolescentes e jovens que vi nascer, já morreram. Morreram antes da tia aqui.

Deus é irônico.

E com essa ironia ele faz a justiça. Não! Não estou falando dos novos morrerem antes dos velhos. E sim da vida. De como o mundo dá voltas. De como o rico fica pobre e como o pobre fica rico.

Lá fomos nós. Rumo ao desconhecido. Pus a coleira no Luck e saímos a fora. Já passava da meia noite, rua deserta. Melhor. Assim, não teria ninguém pra gritar:

-Titia! Vai pra casa, está perigoso.

Saímos em direção a leste. Devagar, sem pressa de voltar. O luck parecia que realmente queria passear está noite. Estranho, ele é tão quieto, malmente me informa quando quer fazer suas necessidades.

O tempo foi passando. Paramos em uma praça. Vimos quase ninguém. Interior é assim mesmo, passou da meia-noite a cidade para. Engraçado.

No banquinho da praça dei uns biscoitinhos ao Luck, que agora, sentado em meu colo começara a brincar com a minha mão. Nem sei q horas era só sei que a noite estava uma delícia, clima gostoso. Mais umas horinhas ali e voltamos a caminhar para casa. Passos lentos. Sem pressa. O luck estava aceso como nunca. Pareceu bem contente com a noitada.


Mais alguns minutos e chegamos em casa. Sim, parecia loucura, mas me orgulhei da aventura.

Ele estava com uma carinha de cansado.

Entramos, liguei a luz, fechei a porta e fomos para meu quarto, ultimamente ele estava esquentando meus lençóis, minha única companhia. Então, quando fechei os olhos, o Luck fechou os deles também, a noite parecia sim, pela

primeira vez, uma criança. Inocente, tranqüila, linda e nova.


E desse sono, nunca mais acordei. Mas te juro, que foi infinito enquanto durou.


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6 Cerejas

  1. Ola nanda, era que o seguidor estava fora do ar
    veja agora logo abaixo da pagina ok?
    e vejo lá?

    ResponderExcluir
  2. Eu gostei muito da frase final. Achei linda. "Infinito enquanto durou". Nunca fez tanto sentido quanto agora!

    Um beijão bem grande para você, Nanda!

    ResponderExcluir
  3. Oiee queridaa! Tem selinho pra vc la no meu blog!

    Beijoss ;*

    ResponderExcluir
  4. Eu achei bastante interessante o que você escreveu. Se for você a dona do texto, parabéns...
    É realmente difícil pensar em envelhecer. Acho que envelhecer deve ser ruim. A outra opção, porém, é morrer.
    E eu prefiro envelhecer até morrer....

    ResponderExcluir
  5. Pode ter certeza q a criação é minha amigo. ;D
    Obrigado pela visita (!

    ResponderExcluir

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